memória fotográfica - Dezembro 1975

Nos anos do PREC, o mundo rural principalmente do Norte, foi considerado pelas esquerdas particularmente permeavel à reacção.

Nesta fotografia, o Diário de Lisboa denuncia o cariz político do 2º Plenário Nacional de Agricultores, que decorreu em Rio Maior no dia 14 Dezembro de 1975.



Fonte: Diário de Lisboa, 15.12.1975, p.5

memória fotográfica - setembro 1974

No seguimento da tentativa de manifestação da Maioria silenciosa, organizada para o dia 28 de Setembro de 1974 em apoio ao Presidente da República, Spínola, foram desencadeadas várias acções de repressão contra forças das direitas.

Entre elas, o assalto, por parte de militantes do Pcp e das extrema-esquerdas, das sedes da chamada "reacção".

Nesta fotografia, os civis assaltam, na Rua Luz Soriano, a distribuidora dos jornais Tribuna Popular (órgão do Movimento Federalista Português) e Bandarra (de Miguel Freitas da Costa e Manuel Maria Múrias), queimando os exemplares deste último.


Fonte: Diário de Lisboa, 03.10.1974

Variazione sul tema

Encontrei num alfarrabista a edição em português da obra História do Movimento Fascista, do historiador italiano Gioacchino Volpe (1941).

Reproduzo de seguida um breve trecho do livro (p.195) que me chamou a atenção devido à situação que se vive nestes dias em Portugal e à actuação dos decisores directamente envolvidos nela:

«A crise económica mundial atingia também a Itália em 1930, desmoronaram numerosas sociedades industriais, financeiras e agrícolas. Todos invocavam a intervenção do Estado e o Estado correu em socorro dêste ou daquele, era o desabar do que restava de fé nas capacidades que podia ter a economia liberal de se curar a si mesma. Mussolini perguntava-se a si mesmo se a crise estava no sistêma, e por conseguinte, podia ser vencida com o tratamento ordinário, ou se era do sistema, então seria preciso recorrer a um tratamento mais radical. Mas, já se inclinava a crer que se tratava de uma crise do sistema.»

Memória Fotográfica - Junho 1974

Da mesma fonte dos cartazes das Bnr, uma pintura feita pelos militantes do Movimento Federalista Português (posteriormente Partido do Progresso Mfp/Pp), organização que no pós-25 de Abril reuniu camaradas dos anos 60 como José Valle de Figueiredo e jovens da Cidadela ligados às teorizações de Fernando Pacheco de Amorim.

Estando neste momento a estudar os partidos da direita radical na transição democrática, fico muito grato a todos os que me possam fornecer contactos, informações, materiais de arquivo, entrevistas, não disponíveis na net, sobra este periodo histórico.


Fonte: José Marques, As Paredes em Liberdade, Lisboa: Teorema, 1974

Memória Fotográfica - Maio 1974

No livro Império, Nação, Revolução tratei brevemente da história das Brigadas Nacional-Revolucionárias (p.266), constituídas por estudantes da Cidadela de Coimbra e que entraram em acção logo após o 25 de Abril de 1974, com pinturas nas paredes que nada tinham de saudosista, mas muito do ADN daqueles jovens radicais.


Há pouco tempo encontrei numa feira, com minha grande satisfação, um livrinho de fotografias da revolução que, suponho com um certo desconhecimento por parte do autor, reproduzia duas imagens relacionadas com a actividade das BNR e que muito bem se encaixam nesta nova secção do blog.


Como sempre, quem tenha memórias destas BRN e as queira compartilhar é bem-vindo.





Fonte: José Marques, As Paredes em Liberdade, Lisboa: Teorema, 1974

Memória fotográfica - Dezembro 1974

Durante às entrevistas que realizei aquando da "Operação memória 10 de Junho", alguns antigos militantes nacional-revolucionários contaram-me que, nas primeiras semanas sucessivas ao 25 de Abril e perante a debandada total das forças nacionais, eles - os mais novos - encetaram uma campanha de pinturas murais e colagem de cartazes com símbolos e palavras de ordem não ligadas ao antigo regime, mas representativas das raízes que os inspiravam.

Falaram-me, em particular, de uma série de "Fáscios lictórios" que pintaram nas paredes de Lisboa. No momento não dei muita atenção a esta memória, até que não encontrei, nas páginas do Diário de Lisboa de Dezembro de 1974, a prova desta acção que, pelos vistos, mereceu alguma atenção da imprensa na altura.

Aproveito este documento para inaugurar uma nova secção do blog: "Memória fotográfica" e que reunirá fotografias encontradas nas minhas investigações.



Fonte: Diário de Lisboa, Dezembro 1974

Caetano de Melo Beirão [11.05.1947]

No livro Folhas Ultras (p.187) contei o assalto à Associação Académica de Coimbra, de 9 de maio de 1947, protagonizado por nacionalistas radicais do grupo de Mensagem. Encontrei agora o testemunho directo do ataque, apresentado por Caetano de Melo Beirão (foto de 1963) pouco dias depois do episódio, ao seu mestre Alfredo Pimenta. Reproduzo-o de seguida:

«Deve saber pelos jornais que começou aqui a agitação comunista. Para neutralizar uma acção deles, fizemos, uns 50 rapazes, um assalto à A. Académica. Nesse assalto, enquanto eu agarrava um indivíduo, um outro, comunista filiado, veio por trás e deu-me uma mocada na nuca. Não me matou por acaso, mas machucou-me um pouco. Furioso com a cobardia, abri a cabeça a um, com o guarda-chuva, que ficou partido. Quis fazer o mesmo ao meu agressor, mas só dei-lhe 3 socos pois agarraram-me. Fui depois fazer um curativo ao hospital e tirar uma radiografia. Felizmente não havia nada. Levei 2 "agrafes", que já me tiraram anteontem, e mais nada. Agora estou bom. Já cicatrizou a ferida; já tirei o penso. Temos, porém, andado em grandes actividades, organizando o contra-ataque à ofensiva comunista.»

Movimento de Integração Nacional

Entre as páginas do lívro de Fernando Pacheco de Amorim, "Três Caminhos da Política Ultramarina" (1962) - que comprei recentemente num alfarrabista - encontrei o programa do Movimento de Integração Nacional, que reproduzo aqui em baixo.

O interessante é que este programa e o seu autor inspiraram muito o nacionalismo revolucionário português do final dos anos Sessenta.

A partir da segunda metade dos anos 80 até hoje, pelo contrário, nenhum militante da nova direita radical portuguesa subscreveria esse programa, principalmente no que toca ao ponto 2. As explicações são muitas, mas o que interessa é a cesura profunda que se deu no pensamento do nacionalismo radical português nos últimos 40 anos.