Zarco Moniz Ferreira

Aproveito dois comentários às memórias do Professor António José de Brito, para abrir um post sobre o Zarco Moniz Ferreira, líder do Movimento Jovem Portugal e um dos mais importantes animadores da area nacional-revolucionária portuguesa dos anos 60 e 70.
Todos os testemunhos (e muitos há por sí) sobre este militante politico serão bem vindos.

Talvez seja importante acrescentar um detalhe sobre a ida para Angola do Zarco.
Nos anos de guerra os Alferes Milicianos que não tivessem sido mobilizados para o Ultramar no seu tempo de serviço militar obrigatório, poderiam ser chamados para frequentarem o Curso de Capitão Miliciano (Zarco fê-lo em Mafra) já depois de terem iniciado as suas carreiras de trabalho e constituído as suas famílias. Esclarece-se que o poder não significava obrigatoriamente que o fossem.
Zarco viu-se assim confrontado com uma mobilização já com a vida familiar e profissional organizada (ao contrário da generalidade dos que iam como Alferes Milicianos) e também com a ideia que o tinham mobilizado para acabarem com a sua actividade política.
Protestou muito, mas foi. Comandou uma Companhia como Capitão Miliciano e portou-se bem, como aliás era de esperar.
É mais um esclarecimento. Se importante ou não, não me interessa.
Quanto ao Zé Vale foi para a Guiné para o Gabinete do Spínola. Nada mais me apetece escrever!!!
Nota: Zarco foi enterrado transportando nas suas mãos o boné - imortalizado na Guerra da Argélia - que o acompanhou na sua Missão ao serviço da Pátria! Honra lhe seja!

José Carlos


O Zarco enfrentava-os! Recordo-me de o ter visitado no Banco, onde trabalhava, na rua Castilho e lhe ter perguntado como lidara com os vermelhos bancários que certamente tentaram invadir o seu gabinete.
Respondeu: "Com isto!" e pôs de cima da secretária uma granada de mão ofensiva que retirou da gaveta, e acrescentou "Nunca mais ninguém passou daquela porta."

JM Santos Costa

Professor António José de Brito - I [20.04.2010]

Recebo e publico, em dois post e com todo o gosto, os comentários ao livro que me foram enviados pelo Professor António José de Brito, cujo conhecimento do tema e disponibilidade em me o transmitir, foram pedras angulares das minhas investigações.

Em primeiro lugar, quero agradecer-lhe a dedicatória, tão amavelmente exagerada, que me penhorou. Agradeço, também, as múltiplas referências que me faz ao longo dos dois volumes. Muito e muito obrigado.
Já sabe que a minha impressão sobre a obra é em extremos favorável, o que não impede uma ou outra discordância.
Julgo que na expectativa de uma segunda edição que muito desejo tenha lugar, convém fazer algumas rectificações, em pontos que passo a apontar.

Começo pelo Império, Nação, Revolução. Há nele uma investigação exaustiva que merece ser destacada. Até me deu novidades, como a existência de um artigo do José Valle de Figueiredo sobre o “Destino do Nacionalismo Português”.

Claro que não vi sem melancolia perpassarem pelos meus olhos os nomes de uma série de renegados […] que se integraram no presente e abjecto regime.

Pequenos reparos vou apresentar.

A p. 16 o Caetano de Mello Beirão é apresentado como secretário particular do Lumbralles. Era secretário, em lugar previsto na lei.

Giano Accame surge como presidente do Centro di Vita Italiana (p. 68). Se me não falha a memória, o presidente era Ernesto de Marzio, o vice-presidente N. Cimino (espero não estar a deturpar os nomes) e Accame o secretário.

O José Valle de Figueiredo e o Zarco Moniz Ferreira são apresentados como voluntários de guerra de defesa do Ultramar. Do José Valle a esse respeito não sei nada. Em compensação, o Zarco nada teve de voluntário. Andou a protestar, veementemente, contra a sua ida. Foi pelos cabelos mas, honra lhe seja, depois comportou-se bem.

A p. 196 alude-se à direcção do “Agora” por Goulart Nogueira. Talvez não fosse mau esclarecer que se tratava de uma direcção de facto, pois de direito a direcção pertenceu sempre ao Carvalho Branco.

Que a Introdução do Júdice à antologia sobre, ou melhor, de textos de José António Primo de Rivera fosse leitura de referência para os nacionalistas revolucionários (p. 259) é discutível. Alguns ficaram bastante escandalizados com ela. Na Cidadela, do Porto, o Júdice foi recebido com bastantes reticências exactamente por causa da mesma, que aliás despertou a discordância do Rodrigo Emílio, como você adiante refere.

Fala o meu Amigo no “nacionalismo de Estado” de Marcello Caetano (p. 407). Tal nacionalismo se existiu, abandonou-o Marcello, pelo menos, nos anos cinquenta.

E agora uma pergunta. Leo Negrelli, nos tempos de “A Nação” era adido cultural da embaixada italiana? (p. 345)

Professor António José de Brito - II [20.04.2010]

Passemos ao Folhas Ultras.

Creio que a p. 69 há um lapso de relativo vulto.
Escreve você: “na esteira dessa polémica” (em volta do artigo “Toque de Clarim”) “o grupo” dos amigos bracarenses “organiza a primeira conferência em Braga” de Alfredo Pimenta.
Ora, a primeira conferência, nessa cidade, de Alfredo Pimenta teve lugar em 11 de Março, intitulando-se “Mestres do Pensamento”. E o artigo “Toque de Clarim”, como você mesmo o diz apareceu no semanário “Acção”, em 1 de Setembro desse ano.
Impossível claro que tal primeira conferência tivesse qualquer conexão com um artigo que só veio à luz meses depois.

A p. 71 temos o seguinte: “A geração de 70 é constituída pelo grupo de intelectuais que operam entre 1871 e 1888 (nascida oficialmente do grupo dos Vencidos da Vida)”. Acabar em 88 com a actuação da geração de 70 é pelo menos estranho. E que tem o grupo, exclusivamente jantante e mundano, dos Vencidos com a geração de 70?
Houve membros da geração de 70 que nunca foram Vencidos – Teófilo Braga, Adolfo Coelho, Salomão Saragga – e Vencidos que nunca pertenceram a essa geração – Carlos Lobo de Ávila, pelo menos.

A p. 154 leio: “´Queiram Entrar…´ (dedicada às críticas contra o jornal Diário Nacional, órgão da Causa Monárquica que dispensou a colaboração de Alfredo Pimenta”. Não sei se o Diário Nacional era ou, propriamente, órgão da Causa Monárquica, mas não é isso que interessa. O que parece é que o verbo dispensar é o seu tanto equívoco; pode levar a supor que Alfredo Pimenta colaborara anteriormente em tal gazeta. Aliás, no ´Queiram Entrar…´ Pimenta não atacou exclusivamente os dislates monárquicos-democráticos do referido diário. Na secção em causa vemos, por exemplo, uma rude crítica à “Alocução aos Socialistas” de António Sérgio e um protesto contra as palavras de Eva Perón atribuindo a espanhóis a primeira travessia aérea do Atlântico, esquecendo o voo de Gago Coutinho e Sacadura Cabral.

A propósito do que afirma a p. 185 de Salgado Zenha, recordo que este foi nomeado pelo ministro da Educação Nacional, presidente da Comissão Administrativa da Associação Académica e só depois começou a bradar que precisava da eleição dos colegas. Quando ocorreu o episódio de que você fala não tinha recebido a “benção” democrática. Não esquecer que, nessa altura, Zenha era um comunista confesso. Estava algo de podre no reino de Salazar.

Sobre o “factor Pimenta” já disse o que tinha a dizer. Você continua na sua e está no seu direito.

Que em Portugal não tenham surgido grupos como os neo-maurrasianos ou os neo-falangistas (vários) só me parece um favor do céu. A respeito das fantasias emergidas na República Social Italiana (Spampanato, Rolando Ricci, etc) nem é bom falar. Julius Evola já as desvalorizou suficientemente embora ele – que se não considerava um fascista ortodoxo – tivesse igualmente as suas extravagâncias, uma delas bem lastimável que era a aceitação como dogma do chamado holocausto como realidade histórica (isto sem falarmos do seu ódio a Giovanni Gentile, de certo por causas pessoais que ignoro, da sua reverência por Benedetto Croce, e de certas esoterices, e da interpretação que dá ao conceito de Estado Ético).

E a finalizar, repito, a minha apreciação global do seu livro. É, de facto, excelente, o que é óbvio não implica concordância plena com o que nele diz.
Desculpe o desalinhavado desta carta. Renovo os meus agradecimentos.

As saudações de braço ao alto do sempre fascista

António José de Brito

Antena 1 - À volta dos livros [08-04-2010]

Entrevista realizada por Ana Aranha no seu programa da Antena 1, À volta dos livros


Comentário de Xavier Casals [08-04-2010]

Após a entrevista publicada no seu blog, o historiador espanhol Xavier Casals enviou-nos um comentário que publico com todo o gosto, pelo interessante cariz comparativo que oferece às futuras investigações sobre as direitas radicais ibéricas.

Los dos estudios de Marchi -Folhas Ultras e Impèrio, Nação , Revolução- permiten hacerse una buena idea de la evolución de la extrema derecha portuguesa desde los años cuarenta hasta el fin del Estado Novo en 1974. Como investigador de la ultraderecha española, su lectura me ha parecido interesante porque me ha permititido establecer unas primeras visiones comparativas entre la ultraderecha española y la lusitana y comprobar que sus trayectorias tienen más en común que de diferente.

En primer lugar, porque ambas obras dejan claro que la ultraderecha portuguesa constituye una suerte de aliada-enemiga de la dictadura, al igual que sucedió con la extrema derecha española en la España de Franco. En segundo lugar, porque explican las razones por las cuales tras el fin de la dictadura este espectro político fue incapaz de crear dejar una fuerza con representación permanente en el parlamento, como pasó en España después de la muerte de Franco. En tercer lugar, proque presentó dos polos urbanos -Coimbra y Lisboa- de gran similitud con los de Barcelona y Madrid en términos de centros importadores y creadores de ideología: en este sentido, Barcelona, como Coimbra, siempre ha sido más "modernizador". Por último, porque permite constatar que la descolonización no generó un movimiento ultranacionalista, como en España (a diferencia de Francia).

En definitiva, los trabajos de Marchi llenan un vacío académico para quienes investigamos la extrema derecha y me han permitido corroborar una hipótesis que sostenía: que la evolución de las extremas derechas del Midi europeo -Portugal, España y Grecia- es muy semejante y su larga ausencia de los parlamentos ha sido debida -en buena medida- a la existencia de dictaduras nacionalistas. En este aspecto, sus estudios acaban con tópicos de "excepcionalidades" españolas o portuguesas por lo que respecta a este espectro político al mostrar trayectorias parecidas en ambos países.

Entrevista no blog de Xavier Casals [07-04-2010]

O historiador Xavier Casals i Meseguer, autor de vários estudos académicos sobre as direitas radicais espanholas, acaba de publicar, no seu blog, algumas minhas respostas a questões que lhe surgiram da leitura do “Império, Nação, Revolução”. Agradeço a hospitalidade e…quem sabe não seja um bom ponto de partida para aprofundar os estudos comparativos entre as direitas radicais ibéricas.



Fonte: Blog de Xavier Casals


ENTREVISTA A RICCARDO MARCHI: “LOS NACIONALISTAS PORTUGUESES SIEMPRE TUVIERON UNA RELACIÓN DIFÍCIL CON ESPAÑA”


RICCARDO MARCHI ES HISTORIADOR del Instituto de Ciências Sociais [ICS] de la Universidad de Lisboa que acaba de publicar dos interesantes estudios académicos sobre la extrema derecha portuguesa que recogen su evolución desde los años cuarenta hasta el fin del Estado Novo en 1974. Se trata de Folhas Ultras. As ideias da direita radical portuguesa (1939-1950) (ICS, Lisboa, 2009) e Impèrio, Nação, Revolução. As Direitas Radicais Portuguesas no fim do Estado Novo (1959-1974) (Texto, Alfragide, 2009). Sus aportaciones son interesantes, pues existe un notable vacío académico bibliográfico sobre este tema en el país vecino y permiten establecer unas primeras visiones comparativas entre la ultraderecha española y la lusitana.

De este modo, las tesis que sostienen sus trabajos (especialmente Impèrio) proyectan una evolución de la extrema derecha portuguesa similar a la española: constituye una suerte de aliada-enemiga de la dictadura; desaparece con el fin de la misma sin dejar una fuerza con representación permanente en el parlamento; presenta dos polos urbanos -Coimbra y Lisboa- de gran similitud con los de Barcelona y Madrid en España. Asimimo, dibuja una posición ambivalente del ultrapatriotismo portugués en relación al español: por una parte, el primero presenta cierta atracción por el segundo, visible en la seducción de las ideas falangistas entre medios lusos; por otra parte, predomina un recelo en este espectro ideológico ante las pretensiones unificadoras iberistas de la extrema derecha española.

Por todo ello nos ha parecido interesante entrevistar a Marchi. Agradecemos que haya accedido responder a nuestras preguntas, pues -como puede apreciarse- sus respuestas reflejan de modo sucinto sus tesis sobre la trayectoria que ha seguido la extrema derecha portuguesa desde el final de la Segunda Guerra Mundial hasta el presente.

En Folhas Ultras alude a la existencia de un neofascismo portugués carente de fascismo nacional. ¿Qué significa esta tesis?

La tesis quiere aludir al hecho de que la derecha radical portuguesa posterior al fin de la Segunda Guerra Mundial no se ha reconocido en la experiencia del nacional-sindicalismo de Rolão Preto (1893-1977) de los años treinta, que se considera comúnmente como la expresión por excelencia del fascismo lusitano. Tampoco se identificó plenamente con la Revolución Nacional de Salazar iniciada en 1933. En el primer caso, los pocos intelectuales militantes de la posguerra consideraron el nacional-sindicalismo apenas una expresión folclórica, privada de consistencia doctrinaria y estéril en términos de legado político; esta crítica fue reforzada por la trayectoria antisalazarista y antifascista de Rolão Preto después de la Segunda Guerra Mundial.

En relación a Salazar, y a las principales fuerzas que lo sustentaron, los neofascistas portugueses siempre tuvieron una clara conciencia de que el dictador no era un agitador de masas, un duce o un revolucionario, sino mas bien un conservador o un contrarrevolucionario. En suma, era un personaje óptimo para regir un régimen autoritario, pero insuficiente para representar un fascismo nacional. Así, en el Portugal de la postguerra los heredes ideológico del fascismo tuvieron que mirar hacia fuera de su patria para encontrar referencias militantes y doctrinarias.

En Impèrio, Nação, Revolução alude a un nacionalismo radical sin pasado. ¿En qué sentido?

En los años sesenta una parte considerable de la juventud portuguesa se politiza y radicaliza en sentido nacionalista, como consecuencia principalmente del estallido de la guerra colonial de África, entre 1961 y 1974. Los militantes nacional-revolucionarios tienen entonces en su bagaje cultural a los teóricos radicales del Integralismo Lusitano -un movimiento tradicionalista, católico y monárquico- y algunos de ellos incluso intentan inspirarse en el nacional-sindicalismo -que sus antecesores de los años 40 y 50 rechazan- como una forma de diferenciarse del salazarismo y procurar una síntesis entre revolución, nacionalismo y justicia social, pero sin grandes consecuencias.

Una vez más, el nacionalismo radical portugués no encuentra su inspiración en la tradición nacional de preguerra. Busca modelos militantes e ideológicos del género de los squadristi o los camisas viejas y no los halla en su patria. Es sintomático que los grupos radicales portugueses más dinámicos desde el punto de vista militante elijan sus modelos en el marco del neofascismo francés e italiano y que los más heterodoxos desde el punto de vista ideológico encuentren más su inspiración en el falangismo joseantoniano y en el nacionalismo revolucionario y el tercerismo sudamericanos que en las experiencias autóctonas portuguesas. Para la ultraderecha de esta segunda postguerra no existe un fascismo nacional en el que se pueda reconocer y al que pueda vincular su pensamiento y su lucha.

¿La dictadura favoreció a la extrema derecha?

Si hablamos de la extrema derecha asociándola a los seguidores de Salazar -o sea de los contrarrevolucionarios- o, como se diría en España, de los adeptos del nacional-catolicismo, tal vez sí. Pues estos vieron garantizado su ideario como pilar del régimen durante cuarenta años y han conservado la centralidad de sus valores en la cultura oficial del país, a pesar de los cambios en la cultura política europea de las derechas.

Si entendemos como extrema derecha las corrientes nacional-revolucionarias y fascistas que veían en las revoluciones nacionales de los años veinte y treinta unos modelos para refundar la comunidad nacional, pienso que no. En este caso, la extrema derecha se ha acomodado a la sombra del régimen, se ha acostumbrado al paternalismo de Salazar, se ha contentado del conservadurismo del Estado Nuevo como el máximo de revolución posible en aquellas contingencias históricas. Ha perdido así la capacidad de renovar su pensamiento político, de elaborar nuevas síntesis, de representar una alternativa viable. Ha mantenido una posición de marginalidad impuesta por el régimen, como sus congéneres en otros países de Europa occidental, sin todavía disfrutar de la condición de ser una fuerza de oposición anti-sistema que permite a muchos de los camaradas que actúan en las democracias iniciar caminos y promover experiencias interesantes e innovadoras desde el punto de vista ideológico y de la acción política.

En sus estudios alude Coimbra y Lisboa como dos núcleos muy distintos de extrema derecha. ¿Qué papel tiene cada uno?

Bueno, hay una distinción casi ontológica entre las ciudades de Lisboa y Coimbra. Lisboa es identificada con la capital; con la proximidad al poder y a las instituciones; con la oficialidad de régimen. Coimbra, por el contrario, es el símbolo de la autonomía, principalmente intelectual, representada por una de las más antiguas universidades de Europa, por sus repúblicas de estudiantes (comunidades autogestionarias de universitarios), por su vida bohemia. Ello repercute en todos los medios sociales y políticos, incluso en la extrema derecha. Entre 1945 y 1974 (y tal vez antes), todas las iniciativas más arrojadas, las heterodoxias, las experimentaciones de la extrema derecha portuguesa se han producido y vivido en Coimbra mucho más que en Lisboa. Es lo mismo que ha pasado en España con el ambiente neofascista de Barcelona respecto al de Madrid.

¿Por qué la descolonización no favoreció el ascenso de la ultraderecha?

La descolonización no solo desfavorece el ascenso de la ultraderecha, sino que causa su desaparición física como actor político en el Portugal democrático. La razón es que la élite de la derecha radical más joven, más interesante e activa desde el punto de vista de la elaboración cultural e de la acción política surge en el Portugal de los años sesenta y setenta en torno al mito del imperio, de la defensa intransigente de una cierta idea de Portugal: la patria multirracial, pluricontinental, no solo europea, sino también africana y asiática al mismo tiempo: Portugal abarca desde el Minho (región del interior metropolitano) hasta Timór (en Insulíndia). Al concluir el proceso de descolonización en 1975 termina abruptamente esta concepción de Portugal, pues éste se reduce únicamente al territorio europeo. Desaparece así un elemento que ha influido el imaginario colectivo de las generaciones de los años sesenta radicalizándolas en el campo del nacionalismo imperial.

Mis actuales intereses de investigación se dirigen a percibir porque esta élite política radical no ha conseguido (o no ha querido) reelaborar un nuevo proyecto político acorde con la realidad postcolonial, manteniéndose en su tradición político-cultural. Fuera de esta élite, han existido partidos de la extrema derecha que se han mantenido activos después de la descolonización, pero pertenecen más a la tradición del nacional-catolicismo o del conservadurismo más vigoroso, que a la del nacionalismo revolucionario y del neofascismo. Igualmente, no han logrado conquistar la derecha sociológica portuguesa, que prefirió dirigir su voto útil a los partidos moderados de centroderecha, percibidos como garantes suficientes de políticas anticomunistas y anti-socialistas.

Por fin, los movimientos y partidos de la extrema derecha activos en Portugal en los últimos 25 años (por ejemplo el Partido Nacional Renovador) ya no tienen nada a ver con la tradición del nacionalismo radical portugués de cariz imperial, que -por el contrario- rechazan, sino más bien con el emerger en Europa de una ultraderecha anti-inmigración, identitaria y defensora del Welfare chauvinist o de un Estado del Bienestar para los autóctonos.

¿Por qué ha habido tan pocos contactos entre la ultraderecha española y la portuguesa?
Para explicar los pocos contactos, se pueden apuntar dos tipos de razones: unas de carácter histórico-cultural y otras más ligadas a las contingencias históricas de los años sesenta.

En el primer caso, debe señalarse que los nacionalistas portugueses siempre tuvieron una relación difícil con España, pues la han considerado una amenaza a la soberanía nacional, a la independencia. En este sentido, la restauración de la independencia en 1640 siempre ha tenido un lugar destacado en su imaginario colectivo y aún celebran hoy con manifestaciones el 1 de diciembre [de 1640] como día del orgullo nacional. Este sentimiento de desconfianza se ha visto consolidado por las aspiraciones de una unificación ibérica muchas veces explícita por parte de los ultranacionalistas españoles (incluyendo a la Falange).

En el segundo caso, el elemento más importante de estos “pocos contactos” ha sido sin duda la ausencia en España de la “cuestión colonial”, que llevó a los nacionalistas portugueses a sentirse mucho más solidarios y próximos al ultranacionalismo francés que combatía por Argelia. Esta comunión de lucha ha apretado los lazos luso-franceses mucho más que los luso-españoles.

A pesar de todo, la escasez de intercambios culturales y personales entre portugueses y españoles de Falange, SEU, etc., a lo largo de los años 50, 60 y 70, no ha impedido que las relaciones se volviesen más operativas durante la transición portuguesa, cuando los militantes de la extrema derecha portuguesa refugiados en Madrid se benefician de la ayuda y colaboración fundamental de los camaradas españoles en su acción contrarrevolucionaria.

Comentários...do outro lado da barricada

Na minha opinião, o livro de Riccardo Marchi – independentemente das cores ou trompetas da capa, que não têm qualquer importância face ao conteúdo – é excelente. Em primeiro lugar, como investigador em matéria de história contemporânea, reconheço-lhe o mérito duma pesquisa notável. Ficou muito por dizer….certo, a história não existe é uma construção do espírito que como um andaime tenta aproximar-se da realidade de que se ocupa o historiador. Claro que me estou inspirando em Wittgenstein. Em segundo lugar, razões quase sentimentais me despertaram outro tipo de interesse pelo livro. Refere a minha época de estudante, quando então me situava num campo bem diverso. Anti-hegeliano, sempre manifestei alergias intelectuais a “doutrinas” da esquerda profunda ou da direita bacoca. Em terceiro lugar, admirei a permanente fuga a clichés ou lugares comuns.

Interesso-me por temas afins e foi-me de grande utilidade académica.

JD

Críticas gráficas...mas não só

Recebo e publico um comentário precioso, vindo de uma fonte que foi indispensavel para a redacção do livro todo, especialmente para o parágrafo sobre o Movimento Nacionalista (pp.360-371)

Como a capa do livro, penso que este blogue tem vermelho e 'cornetas' a mais... Essa «interpretação» bacoca, própria da vulgaridade editorial, de algo que foi modernista e realmente «verde», presente na cor das camisas e na cruz de Avis, poderia ter sido aqui corrigida. Um trabalho impecável do ponto de vista técnico mas que sofre de uma conceptualização deficiente, a meu ver. É o blogue do livro - só? - ou um blogue da missão prospectiva do Riccardo, ligado também, e muito, ao trabalho presente e futuro de prospecção e levantamento histórico?
Poderia então ter sido tratado de forma independente do tema e do grafismo peculiar seleccionado pela editora para a capa deste primeiro livro.
VL

Vítor,
o
brigado pelos teus comentários “cromáticos” sempre preciosos, porque vêm de um artista ao mesmo tempo protagonista das histórias narradas. Como sabes concordo em pleno com as “cornetas a mais”. Eu também acho que os meninos da Mocidade não retratam fielmente o meio descrito no livro, feito mais de experiências com uma certa heterodoxia e autonomia face às organizações oficiais do regime. A verdade é que quisemos manter o mais possível a coerência com a veste gráfica do livro, apesar de o blogue ser independente face à operação editorial. Já sobre o “vermelho a mais”…concordo menos. A cor vermelha chama a paixão juvenil (ideológica e de combate) e acho que acompanha bem o tema do livro. Não sei se o verde desperta o mesmo impacto visual.
Já a
gora, aproveito a tua provocação das “cornetas a mais” para lançar um debate acerca das relações entre o nacionalismo radical português e o regime, que sempre despertaram o meu interesse. Apesar de ter falado bastante com os protagonistas acerca disso, acho que muito deve ainda ser dito e contado. Quem sabe que este blogue seja uma boa oportunidade para o confronto.

Manlius [05-01-2010]

Já li atentamente o livro de Riccardo Marchi. Não me parece nada mal, antes pelo contrário. Teve boas fontes (nalguns casos aponta uma fonte quando a informação proveio de outra, mas tudo bem). Fez trabalho de casa, e intenso.
É omisso nalguns períodos principalmente nos poucos meses que antecederam o 25 do 4 e a preparação dos nacionalistas para o que estava para acontecer. Também se calhar ninguém esteve na disposição de lhe revelar os detalhes. Está muito ligado ao pós 25 e às lutas que se seguiram. A coisas que a maior parte dos intervenientes acha que ainda é cedo para contar. Enfim, há muitas pessoas vivas e em situação insuspeita. E etc...
Também é bastante omisso nas lutas sociais e sindicais do Jovem Portugal. Mais uma vez culpa nossa.
Li também com prazer o artigo de Jaime Nogueira Pinto no Jornal I. […] É um artigo que veio de um camisa vieja (da altura, claro). Do fundador da célula do Jovem Portugal no Liceu D. Manuel II, no Porto, e do militante activo no período descrito. Algumas vantagens teve o Jaime. Não rachou no pós 25, quando outros, como Lucas Pires declaravam alto e bom som terem sido sempre democratas... E etc. que não estou para dizer muito mais. […] A sua afirmação sobre a presença da nossa gente na luta pós 25 do 4 foi determinante. Aliás preparada desde Outubro de 1973. Só que o MFA sem o saber - ou melhor sem perceber a dinâmica - abarbatou - no meio da sua loucura de prisões a metro - muita gente importante. Mas não foi por causa disso que não houve um combate sério. E se não fossem umas pessoas que eu cá sei o resultado teria sido muito diferente. Aliás o livro Capitão de Abril, Capitão de Novembro do Cap. Castro explica muitas coisas. Mas a vida é o que é e não o que poderia ter sido.
De todas as maneiras estou a coligir todos os pequenos detalhes com os quais ou discordo ou mesmo que podem ter esclarecimentos adicionais. E prometo que os vou escrever aqui neste espaço.


Comentários:

1) […] Por acaso, terminei hoje a leitura do «Império, Nação, Revolução». É um livro espectacular, especialmente para alguém como eu, que desconhecia grande parte da "história das direitas radicais". Tudo o que sabia eram peças soltas que apanhava aqui e ali e procurava juntar. Através do livro pude reunir muitas pontas soltas, fazer algumas descobertas surpreendentes e obter um retrato global da evolução desta área política. MV

2) Este livro vem finalmente preencher uma lacuna. Foi realmente preciso um "alien", como lhe chama JNP, para fazer um trabalho isento. Ainda bem. Sigam-se outros. DB