Riccardo Marchi
Ainda que não de uma forma completa e sistemática, desde há alguns anos que têm vindo a ser revelados elementos que permitem conhecer a formação, os comportamentos e os destinos da esquerda radical na fase final do salazarismo e sobretudo durante o período marcelista. O seu papel activo e, à época, razoável e crescentemente alargado no interior do movimento estudantil, tem contribuído para o reconhecimento dessa imagem. Já a observação da direita radical ao longo do mesmo lapso de tempo se manteve quase inteiramente por fazer, em grande parte porque ela materializou o lado vencido da nossa História recente, e também porque, à época, a sua dimensão e visibilidade eram de facto bastante reduzidas. Todavia, elas materializaram um espaço significativo de resistência à própria agonia do regime, propondo de certo modo um retorno às suas origens, à ideia de Império e ao espírito e forma de um certo «Portugal Eterno». Este livro de Riccardo Marchi (n. 1974), constituindo a parte central da sua tese de doutoramento defendida no ISCTE, vem colmatar a lacuna e, ao mesmo tempo, revelar um trajecto bem mais activo e diversificado do que aquele que muitos de nós, baseados apenas na memória dos anos terminais do Estado Novo, poderíamos conhecer. [Texto Editores, 440 págs.]
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