Professor António José de Brito - I [20.04.2010]

Recebo e publico, em dois post e com todo o gosto, os comentários ao livro que me foram enviados pelo Professor António José de Brito, cujo conhecimento do tema e disponibilidade em me o transmitir, foram pedras angulares das minhas investigações.

Em primeiro lugar, quero agradecer-lhe a dedicatória, tão amavelmente exagerada, que me penhorou. Agradeço, também, as múltiplas referências que me faz ao longo dos dois volumes. Muito e muito obrigado.
Já sabe que a minha impressão sobre a obra é em extremos favorável, o que não impede uma ou outra discordância.
Julgo que na expectativa de uma segunda edição que muito desejo tenha lugar, convém fazer algumas rectificações, em pontos que passo a apontar.

Começo pelo Império, Nação, Revolução. Há nele uma investigação exaustiva que merece ser destacada. Até me deu novidades, como a existência de um artigo do José Valle de Figueiredo sobre o “Destino do Nacionalismo Português”.

Claro que não vi sem melancolia perpassarem pelos meus olhos os nomes de uma série de renegados […] que se integraram no presente e abjecto regime.

Pequenos reparos vou apresentar.

A p. 16 o Caetano de Mello Beirão é apresentado como secretário particular do Lumbralles. Era secretário, em lugar previsto na lei.

Giano Accame surge como presidente do Centro di Vita Italiana (p. 68). Se me não falha a memória, o presidente era Ernesto de Marzio, o vice-presidente N. Cimino (espero não estar a deturpar os nomes) e Accame o secretário.

O José Valle de Figueiredo e o Zarco Moniz Ferreira são apresentados como voluntários de guerra de defesa do Ultramar. Do José Valle a esse respeito não sei nada. Em compensação, o Zarco nada teve de voluntário. Andou a protestar, veementemente, contra a sua ida. Foi pelos cabelos mas, honra lhe seja, depois comportou-se bem.

A p. 196 alude-se à direcção do “Agora” por Goulart Nogueira. Talvez não fosse mau esclarecer que se tratava de uma direcção de facto, pois de direito a direcção pertenceu sempre ao Carvalho Branco.

Que a Introdução do Júdice à antologia sobre, ou melhor, de textos de José António Primo de Rivera fosse leitura de referência para os nacionalistas revolucionários (p. 259) é discutível. Alguns ficaram bastante escandalizados com ela. Na Cidadela, do Porto, o Júdice foi recebido com bastantes reticências exactamente por causa da mesma, que aliás despertou a discordância do Rodrigo Emílio, como você adiante refere.

Fala o meu Amigo no “nacionalismo de Estado” de Marcello Caetano (p. 407). Tal nacionalismo se existiu, abandonou-o Marcello, pelo menos, nos anos cinquenta.

E agora uma pergunta. Leo Negrelli, nos tempos de “A Nação” era adido cultural da embaixada italiana? (p. 345)

4 comentários:

  1. Talvez seja importante acrescentar um detalhe sobre a ida para Angola do Zarco.
    Nos anos de guerra os Alferes Milicianos que não tivessem sido mobilizados para o Ultramar no seu tempo de serviço militar obrigatório, poderiam ser chamados para frequentarem o Curso de Capitão Miliciano (Zarco fê-lo em Mafra) já depois de terem iniciado as suas carreiras de trabalho e constituído as suas famílias. Esclarece-se que o poder não significava obrigatoriamente que o fossem.
    Zarco viu-se assim confrontado com uma mobilização já com a vida familiar e profissional organizada (ao contrário da generalidade dos que iam como Alferes Milicianos) e também com a ideia que o tinham mobilizado para acabarem com a sua actividade política.
    Protestou muito, mas foi. Comandou uma Companhia como Capitão Miliciano e portou-se bem, como ailás era de esperar.
    É mais um esclarecimento. Se importante ou não não me interessa.
    Quanto ao Zé Vale foi para a Guiné para o Gabinete do spínola. Nada mais me apetece escrever!!!
    Nota: Zarco foi enterrado transportando nas suas mãos o boné - imortalizado na Guerra da Argélia - que o acompanhou na sua Missão ao serviço da Pátria! Honra lhe seja!

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  2. Os dois livros, 'Império Nação Revolução' e 'Folhas Ultras', podem ser adquiridos nas livrarias. Talvez o 'Folha Ultras' demore um bocado mais por se a distribuição do ICS menos pormenorizada da distribuição da editora Texto.
    Em alternativa para 'Folhas Ultras' pode dirigir-se directamente à editora do ICS por internet: http://www.ics.ul.pt/imprensa/comoencomendar.asp

    Em relação ao 'fantástico', agradeço a confiança do Senhor: espero que o juizo se confirme após a leitura e aguardo os seus futuros comentários.

    Riccardo

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  3. O Zarco enfrentava-os! Recordo-me de o ter visitado no Banco, onde trabalhava, na rua Castilho e lhe ter perguntado como lidara com os vermelhos bancários que certamente tentaram invadir o seu gabinete.
    Respondeu: "Com isto!" e pôs de cima da secretária uma granada de mão ofensiva que retirou da gaveta, e acrescentou "Nunca mais ninguem passou daquela porta."

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